No Brasil, a desigualdade de renda atingiu níveis alarmantes em 2022, com o país liderando o ranking mundial de concentração de riqueza, de acordo com o recém-lançado Global Wealth Report 2023 do banco suíço UBS. O relatório revela que incríveis 48,4% da riqueza do país estão nas mãos de apenas 1% da população, consolidando o Brasil como líder nesse triste indicador. A situação brasileira é seguida de perto pela Índia (41%), Estados Unidos (34,3%), China (31,1%) e Alemanha (30%).
Embora tenha havido uma ligeira redução na desigualdade em 2022, com a participação da riqueza dos 1% mais ricos caindo de 45,6% para 44,5%, o Brasil também viu uma diminuição equivalente, mas ainda alarmante. Em 2021, esse 1% detinha impressionantes 49,3% da renda nacional.
O número global de milionários diminuiu em 3,5 milhões em 2022, chegando a 59,4 milhões, mas o Brasil se destacou na direção oposta, com um aumento de 120 mil novos milionários no período, reforçando sua posição no topo do ranking da desigualdade.
A campanha “Tributar os Super-Ricos” expressou profunda preocupação com a liderança do Brasil no chamado “ranking da vergonha”, especialmente quando mais de 58,7% da população brasileira lida com insegurança alimentar em vários graus, do leve ao grave.
Diante desse cenário alarmante, mais de 70 organizações sociais, entidades e sindicatos uniram forças na campanha, enfatizando a necessidade urgente de medidas que promovam uma justiça fiscal. Eles destacam que os super-ricos no Brasil, em sua maioria, pagam poucos ou nenhum imposto, enquanto a população em geral suporta o peso da desigualdade.
No início do mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma medida provisória (MP) que propõe a cobrança de 15% a 20% sobre rendimentos de fundos exclusivos, conhecidos como fundos dos “super-ricos”. Além disso, o governo enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei que tributa os investimentos de brasileiros no exterior, os chamados fundos offshore.
No entanto, essas propostas têm enfrentado resistência em setores do Congresso e da mídia tradicional, que frequentemente representam os interesses dos super-ricos. Eles argumentam que a tributação pode afastar investimentos do país, uma alegação que a campanha “Tributar os Super-Ricos” descreve como infundada.
Em sua visita ao Brasil esta semana, o economista Joseph Stiglitz defendeu veementemente a aprovação urgente dessas medidas que visam tributar a parcela mais rica da população. Ele afirmou que “aqueles no topo não querem pagar a sua parte justa. Eles não são apenas avessos à caridade, mas também usam seu poder político para evitar impostos”, declarou o Nobel de Economia.
A campanha “Tributar os Super-Ricos” enfatiza que chegou a hora da maioria da população brasileira exigir justiça fiscal, garantindo que aqueles que sempre utilizaram manobras para aumentar suas fortunas finalmente contribuam de forma justa, enquanto se fortalecem os serviços públicos. O sistema tributário deve ser um instrumento para promover a igualdade, onde aqueles com mais recursos pagam mais, e aqueles com menos, pagam menos, proporcionando um ambiente mais equitativo para todos.